Se por três vezes neguei


Se por três vezes jamais neguei estar no cais,
quando a redução na produtividade  acentuava;
em que pese todo tratamento em partes iguais,
dos lábios e dos úberes das vacas era escrava.
Do sangue teriam sido recíprocos os esponsais,
ante os olhares suaves por detrás da aldrava,
teriam sido bem nutridos as espiras dos anais,
já que era por um sátiro que toda ninfa ansiava.



 

Revirando olhos lânguidos, musas dos canaviais,
iam de encontro à luz brandindo forte a clava,
quando a flama se fez breu no buraco das gerais,
em sôfrego galope o Demo cantava em oitava.
Bem que se sabe que a morgada saiu com os pais,
penteava as melenas morenas com uma piaçava
já balançava os quadris em movimentos sensuais,
desafiando Eros a sacar outra seta da aljava.

Buscava um Adônis  e como tal não teria jamais,
sequer Quasímodo ronca, fuça e a terra escava.
Qualquer coisa desconfiou quando viu os reais
desde a beira do rio, rude recanto do emboava.
Para não ver por pouco o submarino nos laranjais,
antes do fim dos sonhos já contava certa a fava,
lídima era na glória plena dos outeiros fatais,
deprimia-se quando o estrondo da gaita ecoava.

Não veria assim outras quais cinzas fenomenais,
com tanto leite e ovos sobre a terra onde cava;
pois todo o júbilo estará sob o raso dos abissais,
nas ondulações das oclusas serranias como trava.



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