Um pedido ao por do sol [1]


Mais de uma vez havia pensando em tornar real
o significado daquela palavra. Muitas vezes, muitas vezes
mesmo, os sons dos gonzos das pesadas portas girando
pareciam lânguidos, numa malicia quase inocente.







Rindo, sentou-se. Seis corvos voavam, anunciando os
primeiros pingos da chuva de verão.
Percebeu que estavam algo descontrolados.
Ao sol poente, a terra não parecia assim tão compacta
como deveria ser se observados os parâmetros da ISO 9001.
Respirou fundo quando ela chegou. Percebeu, algo entristecido
que tudo estava mais vazio, os ratos já haviam roído o caixão
e foram embora, restou apenas uma súplica, como que
saindo dos olhos dela, decretando o final dos dias e noite
tão solitários de longa data. Repassou mentalmente as
recomendações do mentor.
Deveria tomar cuidado com o escuro do celeiro e
 com os pregos. Jamais roeriam cravos de metal, em
que pese devorassem toda a madeira.
Deveria aguardar o por do sol sem adormecer;
na vigília constante, o êxito da empreitada,
a manutenção da própria felicidade assim como
a conhecia atá então. Tomado de coragem,
abriu os olhos e finalmente disse:

- “ Casa comigo?



 

 © Luso-Poemas
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