Balada da ave neófita inserta num poema indecente


Tantas aves em arribação festejam do alto o perjúrio,
as dimensões não avaliadas serão melhor à velhacaria,
rarefeito ar quando chega frio às nuvens, é o augúrio,
a partir do terço médio da atmosfera tudo é perfumaria 





O rato tem mais cor do tédio quando chumbo penetra,
 Endurece no relvado como mina de vermelho borralho,
 apenas boia dos mergulhos, vara mais nas ondas tetra,
 de colisões se socorre a floresta já saudosa do malho.

 Se há fumaça no tacho de pastel e nas telhas, orvalho,
 um tiro à altura da nuca, tem duplo efeito na hipocrisia,
 mais animais já feridos saiam enxovalhos no atalho,
 com olhos arrancando beirais dos telhados da ortografia.

 Ainda sou eu, posso analisar calmo a desdita dita bonita,
 de modo que não possa ver os tapas na capa do papa;
 por extensão de Champollion dissecar incógnita israelita,
 a lontra na lapa e a japa do dia estão vencendo a etapa.

 Ainda estou lá, onde o garfo à luz do luar visita a palafita,
 ouropéis na cabeça branca descoberta já fazem a oferta,
 ilumina o terraço e jardim a grita contra maldita guarita,
 acomodado em spas para lua de mel de luz entreaberta.

 Ainda estou lá, de batel, onde na lousa escreve o bacharel,
 um níquel de maçãs da macieira batida oca de bico de jaca,
 corcel armando cordel de folhas como argonauta de papel,
 arredondada no zênite do sol de agosto, estaca fina faca.

 Levante-se antes do sol, é dia certo da vindita do eremita,
 há galos, pastores e perguntas: - antes da criação esperta,
 neófita ave inserta num poema incerta, indecente tramita,
 gato dormindo no canil não é incomum, já soa um alerta.

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 © Luso-Poemas

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